O Casamento segundo às Escrituras


Antes de mais nada, temos que nos lembrar que nosso Deus trabalha em ciclos. O que isso quer dizer? É simples, isso significa que:


10 No princípio(“B’reshit”/Gênesis), anuncio o fim, proclamo de antemão coisas que ainda não se realizaram; e digo que meu plano será mantido (Isaías 46:10)

29 Não se vendem dois passarinhos por um ceitil? E nenhum deles cairá em terra sem a vontade de vosso Pai. (Mt. 10:29)


Observando bem as passagens acima, percebemos que nada que foi ordenado por Yahue, nas Escrituras, foi feito por acaso e que Ele anuncia desde B’reshit/Gênesis as coisas que irão acontecer. Como exemplo disso, podemos observar as festas ordenadas por Deus[1] a nós, que retratam a primeira e segunda vida do Messias e, é claro, o casamento, assunto que abordaremos agora.


- O casamento hebraico e seu significado



O casamento, como sabemos, foi instituído por Yahue entre um homem e uma mulher, não entre dois homens ou duas mulheres ou ainda entre um homem e mais mulheres.

24 Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne. (Genêsis 2:24)



E significa a aliança dada por Deus ao homem (através de Abraão), as promessas de Deus, e o relacionamento do noivo, Yeshua, com sua amada noiva, a Igreja (nossa intimidade, caminhada e por fim nossas bodas com o cordeiro, onde seremos verdadeiramente um com Ele).

Sabendo disso, analisaremos a cerimônia de casamento hebraica para sabermos o real significado desta aliança que é tão importante para Deus e para o homem.

O casamento hebraico se divide em três partes principais: Shidduchin, Eyrusin (Desposar), Nissuin (Casamento).



Shidduchin



O texto Básico de referência ao casamento bíblico encontra-se na Torah no livro de Gênesis/B’reshit 24, que descreve o casamento de Isaque e Rebeca. Encontramos aí, a iniciação do período do Shidduchin e o referencial bíblico de como deve ser um relacionamento entre duas pessoas que irão casar, em Cristo.



1 E era Abraão já velho e adiantado em idade, e o SENHOR havia abençoado a Abraão em tudo.  2 E disse Abraão ao seu servo, o mais velho da casa, que tinha o governo sobre tudo o que possuía: Põe agora a tua mão debaixo da minha coxa, 3 para que eu te faça jurar pelo SENHOR, Deus dos céus e Deus da terra, que não tomarás para meu filho mulher das filhas dos cananeus, no meio dos quais eu habito, 4 mas que irás à minha terra e à minha parentela e daí tomarás mulher para meu filho Isaque. (Gênesis 24:1-4)



Como sabemos, Abraão, aqui, tipifica Yahue, nosso Pai, e o servo o Espírito de Deus, que é aquele que nos apontará a pessoa certa que Deus tem para cada um de nós.



Era comum, no período bíblico, que o pai escolhesse para o filho, ás vezes quando ele era criança, a esposa, assim como nosso Pai já tem a pessoa certa para cada um de nós desde que nascemos. Essa escolha poderia ser feita pelo próprio pai como falamos ou também por pessoas chamadas de shadkhan (agentes de casamento ou casamenteiros), por ser mais prático, o que confirma o papel descrito acima do Espírito de Deus no casamento.



A escolha, muitas vezes, era feita segundo interesses familiares e alianças políticas e o amor que “tanto vemos hoje” não era o foco, o que nos mostra, mais uma vez, que mais do que uma aliança entre um homem e a mulher este é a aliança de ambos com Deus e seu filho Yeshua, o que eleva o grau de importância deste indubitavelmente.



Sabendo disso, entendemos que quem sabe a pessoa certa para nós é o Pai que nos conhece melhor do que nós mesmos. Pois quando escolhemos, baseado no que sentimos por alguém, não ouvimos o que Deus nos diz, a única coisa que conseguimos ouvir é a voz do nosso coração que como diz as Escrituras é enganoso.



Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?” (Jeremias 17:9)



Feito a escolha, baseado no que Deus indicou através de Seu Espírito Santo, como no caso de Rebeca, é feito o acordo inicial pré-nupcial chamado Ketubah (“escrito”, “recibo”). Esta contém as provisões e condições propostas para o casamento. Neste documento, o noivo promete sustentar sua futura esposa, e a família da noiva é dado o dote.


 52 E aconteceu que o servo de Abraão, ouvindo as suas palavras, inclinou-se à terra diante do SENHOR;  53 e tirou o servo vasos de prata, e vasos de ouro, e vestes e deu-os a Rebeca; também deu coisas preciosas a seu irmão e a sua mãe.(Gênesis 24:52-53)



Como vimos, anteriormente, o casamento significa nossa aliança com Deus e fala do nosso relacionamento com Ele, através de seu filho que é o nosso noivo, este passo do casamento hebraico ao qual nos referimos estabelece um contrato, o que nos lembra o contrato, a aliança que fizemos com o Pai através do nosso Senhor Yeshua, em que ele promete nos sustentar, ser o nosso Marido (Is 54:5) o nosso redentor, e Ele cumpre isso através de Jesus que pagou um preço, de sangue, por nós para que todo escrito que houvesse contra nós, e nos separava d’Ele, fosse quitado. (1 Tm 2:5-6; Ler Hebreus 9)



5 Porque o teu Criador é o teu marido; SENHOR dos Exércitos é o seu nome; e o Santo de Israel é o teu Redentor; ele será chamado o Deus de toda a terra.(Isaías 54:5)



5 Porque há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem;

6 o qual se deu a si mesmo em preço de redenção por todos, para servir de testemunho a seu tempo.(1 Timóteo 2:5-6)  

  

Finalizando o Shidduchin, para preparar a cerimônia de casamento, era comum que a noiva fizesse um ritual de imersão, aconselhado hoje ao homem também para ser feito separadamente, conhecido como mikveh. Este simboliza uma limpeza espiritual, assim como nós igreja devemos ser santificados, purificados pela água, Palavra de Deus, dia após dia e sermos a noiva sem mácula que espera o noivo.



26 para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, 27 para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível. (Efésios 5:25)



Eyrusin (Desposar)

Posterior ao Mikveh, era realizado o Kiddushin (que significa “santificação”, ou “separado à parte”); este processo realizado dentro do Eyrusin, retrata o verdadeiro significado do período de noivado, que é separar uma pessoa para a aliança do casamento e pode ser contemplado no texto de referência do período entre a aceitação de Rebeca e o casamento desta com Isaque.

Observando este processo, podemos estabelecer um grande paralelo entre o casamento e nossa caminhada rumo à eternidade com o Pai. Além disso, entender o real significado deste período, pois nós somos a noiva amada e assim como nesta etapa temos que nos separar, a noiva do Senhor Yeshua deve ser santa e isso significa uma completa separação do mundo e deixar que o Pai nos santifique através da Sua Palavra, para que no dia da concretização da nossa eterna aliança com Ele não tenhamos nenhuma mácula (Ef 5:25) e sejamos postos de lado junto aos bodes.

4 Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus. (Tiago 4:4)



O Kiddushin, nome secundário para a cerimônia do Eyrusin, é concretizado sob uma huppah, um tipo de tenda. Esta representa a formação de uma nova família, a casa do casal. Devemos lembrar, que como vimos, este era um período de separação, santificação e, portanto, não existia nenhum tipo de contato físico entre ambos. Devemos salientar, que somente o noivo poderia romper com o contrato, aliança, e esse rompimento era algo extremamente sério e feito através do que se chama get, carta de divórcio.

Feito o contrato, ketubah, e realizado os devidos procedimentos, ambos, o noivo e a noiva, tinham responsabilidades, um com o outro. Durante este período de separação, o noivo era incumbido de preparar a Morada d’Ele e de Sua Esposa, o que na época de Isaque e Rebeca era resolvido com a simples adição de um quarto a casa dos pais do noivo. Enquanto a noiva, teria que se preparar para o casamento (ex: preparar as suas vestes, seu enxoval e a si mesma como esposa), que poderia acontecer a qualquer momento no próximo ano, pois só quem sabia a hora certa era o pai. Isso te lembra algo?

2 Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito, pois vou preparar-vos lugar. 3 E, se eu for e vos preparar lugar, virei outra vez e vos levarei para mim mesmo, para que, onde eu estiver, estejais vós também. (João 14:2-3)



36 Porém daquele Dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, mas unicamente meu Pai.(Mateus 24:36)



Nissuin (Casamento)



Este era o passo final para a consumação do casamento. Durante o ano posterior ao Eyrusin, a noiva ficaria na espera da hora e o momento exato para a efetivação do casamento. E esta, como adiantamos, só quem sabia era o Pai do Noivo, já que, era este quem dava o aval para o inicio da cerimônia.



Ao final deste ano de Eyrusin, a noiva e sua comitiva, estariam ansiosas na expectativa da hora exata, e a comitiva deveria manter suas lâmpadas acesas, para o caso de o casamento começar. Se lembra da parábola das virgens néscias e prudentes? Mais uma vez, podemos verificar a clara comparação e representação do casamento, como forma de Deus lembrar ao homem da aliança que temos com Ele e que ele está às portas e mandará seu filho Yeshua para nos buscar a qualquer momento (Ler Mateus 25).



Na hora determinada pelo pai, um membro da comitiva do noivo, lideraria a comitiva ao som do shofar e gritando, para que a noiva e sua comitiva soubesse que era chegada a hora. Esta ia de encontro a comitiva do noivo, e estes a levavam novamente para a huppah, para concretizar a cerimônia.



64 Rebeca também levantou os olhos, e viu a Isaque, e lançou-se do camelo, 65 e disse ao servo: Quem é aquele varão que vem pelo campo ao nosso encontro? E o servo disse: Este é meu senhor. Então, tomou ela o véu e cobriu-se. 66 E o servo contou a Isaque todas as coisas que fizera.

67 E Isaque trouxe-a para a tenda de sua mãe, Sara, e tomou a Rebeca, e foi-lhe por mulher, e amou-a. Assim, Isaque foi consolado depois da morte de sua mãe. (Gênesis 24:64-67)



Mais uma vez observando esses acontecimentos vemos Deus declarar e revelar, através do casamento, a segunda vinda de Jesus, o Messias. Nesta passagem, vemos claramente que a noiva encontrou-se com o noivo, durante o arrebatamento, onde ele estava assim como nós encontraremos com o nosso Noivo nos ares para as bodas do cordeiro.



17 depois, nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor. (1 Tessalonicences 4:17)



Após essa cerimônia acontecia o jantar do casamento, conhecido como bodas, celebrado por sete dias e o casal estaria juntos, a partir de agora, para consumar sua vida de marido e mulher. Sendo, a partir deste momento, uma só carne, inseparáveis.



Terminamos, aqui, a primeira parte do nosso estudo sobre o casamento e seu significado, e eu deixo algo para cada um de nós refletirmos. Conhecendo e sabendo de todas essas coisas, Deus um dia permitiu o divórcio? E este, como é visto aos olhos do Pai? O divórcio é permitido entre nós discípulos de Jesus, ou não? Este será o tema do nosso próximo estudo. A única coisa, que digo de antemão, é que o casamento é, sem dúvida alguma, muito importante para Deus e não devemos banalizá-lo, como tem acontecido, até mesmo, entre aqueles que professam o nome do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.



Que a paz do nosso Senhor Jesus Cristo esteja com cada um de nós.    






[1] Para melhor entendimento acerca do assunto, ler os estudos:

- As festas de Deus – Edson Sant’anna, Ap.: http://amigraceorg.blogspot.com/2011_06_01_archive.html

-Raízes – Edson Sant’anna, Ap.: http://amigraceorg.blogspot.com/2011_08_01_archive.html